Antes de começarmos a falar em restauração florestal, devemos entender alguns conceitos. Ao longo das últimas três décadas, assistimos ao embate político, sobretudo, no Congresso Nacional, entre movimentos ligados ao agronegócio e ao meio ambiente.
É fato que há ainda uma distância considerável nos discursos e nas narrativas de seus representantes políticos e instituições representativas.
Todavia, também é fato que meio ambiente saudável e produção rural eficiente estão indissociavelmente relacionados.
Em outras palavras, é certo que o alvo de ambas as frentes é a conciliação entre os propósitos.
Não por acaso, têm surgido movimentos importantes de diálogo, como a Coalizão Brasil, Clima Floresta e Agricultura e instituições de reconhecimento internacional como o Imaflora que vem apontando caminhos e soluções comuns para integrar ambos os propósitos em uma única agenda comum “AgroAmbiental”.
Queremos um meio ambiente que permita a qualidade de vida, a proteção e a valorização econômica da biodiversidade, a melhoria das condições hídricas e do clima.
Aliado a esse objetivo, queremos nos consolidar enquanto país como produtores de alimentos saudáveis com mais produtividade e rentabilidade econômica.
Mas como podemos conciliar ambas necessidades?
Com certeza, apesar das diferenças históricas, o desafio maior é seguirmos pelo que nos une.
E esse caminho é AgroAmbiental.
A população do planeta deve ultrapassar a casa dos nove bilhões de habitantes próximo de 2050.
Portanto, temos que aumentar a produção e melhorar a distribuição de alimentos.
Todavia, de acordo com dados da ONU, nos próximos 25 anos, a degradação da terra e o aquecimento global podem reduzir a produtividade global de alimentos em até 12%, elevando em 30% o preço em todo o mundo.
Investir em restauração florestal em propriedades rurais tem sido considerado, cada vez mais, uma estratégia absolutamente necessária para mitigar e reverter os impactos ambientais.
Não existe um único modelo de restauração florestal.
O produtor rural pode escolher o modelo que mais lhe atende, levando em consideração as potencialidades da sua propriedade e também suas necessidades econômicas.
Saber escolher o modelo mais adequado de restauração florestal é o começo para o desenvolvimento de práticas de manejo mais sustentáveis e a geração de novas oportunidades de negócios.
Você pode preferir um plantio econômico biodiverso que consiste na utilização de diferentes espécies nativas e de madeira intercaladas, cada uma desempenhando uma função.
Por exemplo, a colheita de frutas e sementes permite a geração de renda em curto prazo, enquanto o manejo de madeira gera renda a longo prazo.
Uma outra opção de reflorestamento são os Sistemas de Agroflorestas (SAFs).
Nesse sistema, o produtor diversifica sua atividade econômica, garantindo maior faturamento para o negócio.
Ou seja, ele administra o plantio agrícola com a plantação de árvores, tendo renda primeiro com as culturas agrícolas, depois com o manejo das árvores com produtos não madeireiros e, por fim, com a comercialização de madeira nobre, como o mogno, por exemplo.
Quer descobrir como investir em restauração florestal pode ser algo lucrativo para você e sua empresa, além de trazer inúmeros benefícios para o meio ambiente?
Convido você a continuar a leitura deste artigo para saber mais.
Retorno econômico
Na Conferência do Clima (COP21), em Paris, o governo brasileiro reiterou sua meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
Investir em restauração florestal é uma necessidade global e uma iniciativa economicamente viável e lucrativa.
Recuperar áreas degradadas gera novos postos de trabalho, reconstrói meios de subsistência, remove carbono da atmosfera, atenua as mudanças climáticas, restabelece a biodiversidade e a produtividade do solo.
Ou seja, além do seu comprovado valor ecológico, investir em restauração florestal promove o desenvolvimento de uma economia sustentável e com baixo carbono.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a conservação, restauração e manejo sustentável podem fomentar juntos, até 2030, US$ 230 bilhões em oportunidades de negócios e gerar 16 milhões de empregos em todo o mundo.
De acordo com dados da ONU, a restauração de terras degradadas contribui para a remoção de carbono da atmosfera, além de poder gerar US$ 1,4 trilhão extra na produção agrícola por ano.
Proteção do solo, da biodiversidade e do meio ambiente
Mais de 12 milhões de hectares de terra são perdidos devido à desertificação, à degradação da terra e à seca, todos os anos.
O mundo perde, a cada três segundos, uma área de floresta suficiente para cobrir um campo de futebol. A cada ano, são 10 milhões de hectares.
Dessa forma, de 12% a 20% de emissões globais de CO2 deixam de ser absorvidas pela floresta e são lançadas na atmosfera.
Restaurar 30% das áreas degradadas do planeta pode salvar 71% de espécies da extinção e, também, capturar quase 50% do carbono acumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial.
Essa captura de carbono possibilita ao produtor rural ingressar no mercado de aditivos de carbono e desenvolver mais uma atividade remunerada na propriedade, aumentando, assim, o faturamento do seu negócio.
Crédito de carbono é um conceito, que surgiu através do Protocolo de Kyoto em 1997. Cada tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2) corresponde a 1 crédito de carbono.
A proposta do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é que cada tonelada não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, por exemplo, possa ser negociada no mercado mundial por meio de Certificados de Emissões Reduzidas (CER), gerando mais oportunidades de negócios e renda para os produtores rurais.
Redução de emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas
A Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas fortalece metas globais como o Desafio de Bonn.
Com esse projeto, pretende-se restaurar 350 milhões de hectares de terras degradadas até 2030.
Isso poderá reverter a presença de 26 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, nesse tempo.
Além disso, investir em restauração florestal poderá gerar em torno de US$ 1,4 trilhão extra na produção agrícola a cada ano.
A previsão da ONU é de que as ações em torno da Década da Restauração possam gerar US$ 9 trilhões em serviços ambientais.
Na Iniciativa 20×20, empresas privadas, doadores e fundos de investimentos comprometeram-se a investir mais de US$ 2,6 bilhões em ações de reflorestamento na América Latina para recompor 50 milhões de hectares.
Investir em restauração florestal hoje é um ato de compromisso com a construção de um futuro ambiental seguro e equilibrado com desenvolvimento de relações econômicas sustentáveis e lucrativas, beneficiando toda a cadeia ambiental, social e econômica do país.